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Prevenção da violência contra a mulher: ACESSO participou de iniciativa cultural em parceria com a Educathus

“A História de Dalva e Davi” foi um importante espetáculo promovido na periferia da zona oeste da capital após flexibilização de público em locais fechados. Foi uma espécie de pré-estreia da peça que é ponto chave de um projeto social de prevenção da violência.

Os atores Heliton Rodrigues, Carol Bueno, Lilian Damasceno e o diretor Luiz Albertoni, que também atua no espetáculo. Foto: Cleusa Sakamoto

Dizem que a primeira impressão é a que fica. Como todo e qualquer início da vida amorosa, os amantes se encantam, se apaixonam e decidem dar o primeiro passo nesta história de amor, assim como o romance de Romeu e Julieta. A figura da “princesa”, idealizada por grande parte das mulheres, carrega muitas expectativas de seus “príncipes encantados”, como o companheirismo, a fidelidade, a cumplicidade e a afetuosidade.

A condição de um casal viver um relacionamento amoroso impõe muitas trocas: de desafios e superações, alegrias e tristezas e muitos desejos. E dentro deste pacote também têm – além da importância do respeito e temperança – ocasiões de desentendimentos e discussões. Porém, quando o sonho vira pesadelo, principalmente quando começa aumentar a posse e o ciúme, a mulher pode passar a viver à sombra dos maus tratos, agressões verbais, físicas e psicológicas que trazem muitas marcas, incertezas sobre a vida e atinge outros vínculos familiares como os filhos, mães e pais.

A violência é uma triste realidade vivida por mulheres paulistanas e brasileiras. Conforme a última pesquisa da Rede Nossa São Paulo em parceria com o IPEC, 85% dos entrevistados acreditam que a violência contra a mulher cresceu no último ano na capital. Outro levantamento de junho do ano passado, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, aponta que o perfil das vítimas de diversas formas de violência, tem idade entre 16 e 24 anos, são separadas e negras. Inspirado neste problema social e que busca através da educação, a prevenção da violência contra as mulheres e meninas, a peça “A História de Dalva e Davi” foi apresentada na segunda-feira passada (14) pela Educathus – Desenvolvimento Humano, com o apoio da ACESSO – Associação para a Cultura, Educação e Sustentabilidade, no CEU Pêra Marmelo, localizado na região do Jaraguá, zona oeste de São Paulo.

Com boa parte dos lugares ocupados, “A história de Dalva e Davi” foi a primeira pré-apresentação na região do Jaraguá após as restrições de público em locais fechados. A peça teatral fez parte da programação da Semana da Mulher 2022, promovido pela Coordenadoria dos CEUs da Secretaria Municipal da Educação de São Paulo, em comemoração do Dia Internacional da Mulher, no dia 8 deste mês. “A história de Dalva e Davi” cujo roteiro é de Nelson Guedes – professor, psicólogo e diretor da Educathus e com direção de Luiz Albertoni - que também participa da trama -, foi baseada nos relatos de mulheres vítimas de violência de gênero, de pessoas que atuam em Casas de Acolhimento de mulheres vítimas de violência e de Centros de Ressocialização para homens agressores. A peça conta a história da jovem Dalva (Carol Bueno), uma moça alegre e muito corajosa, que namora e se casa com Davi (Heliton Rodrigues), um jovem que se mostra como a figura de “mocinho romântico” que, no entanto, em muitos momentos, mostra seu lado possessivo e controlador.

Os pais de Dalva (Lilian Damasceno e Luiz Albertoni) estranhavam o comportamento da filha após o namoro e casamento. Foto: Cleusa Sakamoto

À medida que a história se desenvolve, Dalva demonstra um mix de emoções até perceber que tinha algo de errado na relação. Ela sempre quis aproximar Davi de seus círculos de amizades e de seus pais (Lilian Damasceno e Luiz Albertoni). Davi, via isto como um problema e a convencia com sedução fazendo juramentos: “Não gosto de dividir você com ninguém” ou “Eu sempre dou um jeito de ficar com você porque amo você”. Obcecado pelo ciúme, trocava a confiança pela dominação e agia pelo medo de perder Dalva para alguém que não existia.

Para abordar sobre a prevenção dos abusos sofridos todos os dias pelas mulheres, a peça apresenta exemplos concretos com cenas ilustrativas, como a abordagem desrespeitosa dos homens em locais públicos, ambientes empresariais, academias e festas.

A peça provoca tensão e muito suspense quando Davi agride verbalmente e fisicamente Dalva. Os espectadores, sensibilizados com a incrível bravura e o sofrimento da personagem, conheceram alguns sinais que fazem parte dos ciclos da violência e perceberam quando uma mulher está muito envolvida na relação e não consegue identificar estes sinais, não imagina que está vivendo sob um relacionamento abusivo.

A presidente da ACESSO, a professora e psicóloga Cleusa Sakamoto, que após a exibição, abriu o espaço para um diálogo aberto com os presentes, explicou que reconhece que as leis são importantes, mas ressaltou que precisamos fortalecer a mulher violentada em uma rede de apoio. “Nós temos na nossa proximidade, de alguma maneira, a família. Só que nós, na nossa vida corrida, de trabalho e tudo mais, nós estamos, eu acho, nos afastando um pouco dessas relações básicas e que são fundamentais. Então podemos pensar assim, que nós temos a família de sangue, mas temos também vizinhos, temos amigos... nós precisamos ter uma rede de relações e elas são efetivas nas situações humanas dos problemas. Então, nós temos que resgatar nossos laços familiares e fortalecer a nossa ajuda mútua porque não há nenhum crime que possa acontecer se houver uma rede de proteção de ao menos duas pessoas, não precisa muito mais”.

Representantes da ACESSO, Cleusa Sakamoto (esquerda) e a professora Helena Rinaldi. Foto: Luis Antonio

Outra representante da ACESSO, a professora e psicóloga Helena Rinaldi, completou sua fala sobre a atenção importantíssima à prevenção. “Outra solução, junto com a educação, é a prevenção. Então pensar que, muitas vezes, a gente [mulheres de maior idade] ou as meninas, percebem os sinais como aqui nessa história, né? A Dalva via, tinha os indicadores de que a coisa ia ficar feia. Mas não pode deixar pra lá. Dar a atenção devida a isso para poder evitar o final trágico. Acho que mais do que socorrer as mulheres que já estão sendo mortas, na verdade é também prevenir, para que não se chegue nisso”.

Com boa parte dos lugares ocupados, o público também participou de um bate-papo com as professoras e psicólogas Cleusa Sakamoto e Helena Rinaldi. Foto: Luis Antonio

A apresentação, que arrancou aplausos da plateia, quer continuar transmitindo essa mensagem de esperança, união e empoderamento feminino para mais lugares muito em breve. Expectativa esta muito esperada pelo autor. “Estamos participando de alguns editais de incentivo à cultura o que nos permite considerar a possibilidade de apresentações em outras unidades do CEU, como também em escolas da rede pública e privada, teatros municipais, empresas e universidades, não somente em São Paulo (capital e interior) como em outros estados”, destaca Guedes.

E por falar em rede de apoio, se você conhece alguma mulher – ou se for você – que sofre algum tipo de violência (psicológica, patrimonial, moral, física), abrevie o sofrimento. Você pode interromper esse ciclo de violência e procurar auxílio. Saiba quais são as redes de acolhimento e apoio existentes para a mulher vítima de violência:

Disque 180 – Central de Atendimento à Mulher: O Disque 180 é um serviço gratuito do Governo Federal que funciona 24 horas por dia, inclusive sábados, domingos e feriados. O objetivo do canal é acolher, registrar e direcionar as denúncias aos órgãos competentes. Não precisa se identificar.

Web Denúncia: É um canal oferecido pelo Instituto São Paulo Contra a Violência em parceria com a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo. Você pode fazer a denúncia anonimamente usando apenas um celular, computador ou tablet com acesso à Internet. Acesse: https://www.webdenuncia.org.br/cidadao/denuncie

Projeto Justiceiras: O projeto é uma parceria de três instituições (Bem Querer Mulher, Justiça de Saia e do Instituto Nelson Wilians) e conta com mais de 9 mil voluntárias que acolhem virtualmente as vítimas de violência e oferecem orientações gratuitas nas áreas jurídica, psicológica, assistencial e médica, apoiando-as a viverem livres de quaisquer tipos de crimes de gênero. Acesse: https://justiceiras.org.br/

Bem Querer Mulher: A organização, fruto de uma parceria com a ONU Mulheres, trabalha com diversos projetos voltados à prevenção da violência contra a mulher, desde o acolhimento e acompanhamento especializado de suas agentes nos dois centros de atendimento – Casa BQM Leste e Oeste, cursos de qualificação, trabalhos educativos com adolescentes e com a sociedade civil, para o fortalecimento e mobilização da causa. Saiba mais em: http://www.bemquerermulher.org.br/site/

Ficou curioso sobre a apresentação e quer que ela seja exibida em sua cidade/estado? Fale com a Educathus:

Email: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Fone: (11) 2579-9854
ou acesse o site: www.educathus.com.br e clique em "Contatos" para preencher o formulário de solicitação.

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