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A ética do cuidado: a essência afetiva entre Cuidador e pessoa assistida

Cuidar do outro é a parte fundamental da existência humana. Portanto, quem quer ser um profissional em cuidados de pessoas, tem o dever de garantir o bem-estar e a qualidade de vida a quem necessita de cuidados

Imagem: Pexels

Robson, no auge de sua juventude, foi diagnosticado por uma doença rara, Síndrome de Reiter e depende da cadeira de rodas ou bengalas, além de medicamentos para aliviar as dores. Robson Bogéa, demonstra deficiência mental desde a adolescência. Até 2019, conseguia fazer tudo sozinho: levantar, andar... mas com dores no joelho, hoje, está acamado. Aldeir, desencadeou um quadro de depressão profunda e tornou-se também hipertensa. Raquel gostava de brincar, correr.
Um dia, caiu de um muro e ficou paraplégica. Gabriela tem um avô com mais de 70 anos que possui limitações por causa da idade avançada.

Nestes exemplos, o que essas pessoas têm em comum além de traumas, incapacidades ou doenças? Em algum momento de suas vidas, precisaram de cuidados, seja de um profissional de saúde, de um cuidador ou aqueles oferecidos pelos próprios familiares. No artigo de hoje, vamos falar sobre a Ética do Cuidado. Assunto da maior importância para quem deseja se preparar para a função de Cuidador, uma atividade profissional que vem crescendo no mercado de trabalho e que tem enorme impacto sobre as relações com o outro, humanística e profissionalmente.


Conceito de saúde, autocuidado, cuidado e a missão de cuidar

Quando falamos sobre saúde, precisamos ter em mente qual a sua definição. Em 1946, a Organização Mundial da Saúde (OMS) propõe que saúde é um estado no qual o indivíduo goza de bem-estar físico, mental e social. Ao longo da vida, podemos transitar entre estado de boa saúde e adoecimento. Somos ensinados, portanto, a cuidar de nós mesmos, estimular a prática do cuidado do nosso corpo, da nossa mente, do nosso espírito e nossas relações sociais, para uma plena qualidade de vida e preservação da saúde por meio do autocuidado.

Agora, estando em circunstâncias de anormalidade em relação à saúde, que comprometem as funções mentais, motoras, sensoriais e emocionais, necessitamos de cuidados que na maior parte das vezes, é realizado por alguém – profissional ou não. É aí que entra a função do Cuidador, que é realizada por um profissional preparado para cuidar de alguém necessitada(o).

O Cuidador tem a responsabilidade de garantir conforme seus conhecimentos e habilidades, o bem-estar e a qualidade de vida daquele a quem cuida, durante certo
período, quando a própria pessoa (criança, jovem, adulto ou idoso) está incapacitada de realizar suas atividades. Ser um Cuidador é doar-se ao outro. Estar em constante interação, é conhecer suas emoções, sua história de vida, compreendê-lo e reconduzi-lo a ter sua autonomia. Cuidar significa zelo, atenção, solidariedade, dedicação. Não há cuidado se não houver empatia, que é a capacidade de se colocar no lugar do outro e oferecer à ele/ela aquilo que necessita.

O que é a Ética do Cuidado?

Como foi dito acima, o ato de cuidar está ligado à essência humana. Implica valorizar a maneira ética sobre como o profissional que cuida pode oferecer a melhor
assistência para quem ele/ela dedica este tipo de serviço, de acordo com suas particularidades e necessidades.
O/A Cuidador(a) deve levar em consideração alguns valores, para que tenha êxito no acompanhamento realizado na sua atividade de cuidar. Alguns valores humanos
são fundamentais no cuidado ao outro: o respeito, a honestidade, a empatia, a responsabilidade e a persistência.


Respeito pode ser definido como uma atitude que promove uma conexão construtiva entre as pessoas pois é uma primeira garantia de consideração ao diferente,
que assegura a coexistência de opiniões e posicionamentos divergentes, promove a reciprocidade mesmo dentro da diversidade entre as pessoas.

Honestidade é um valor humano que traduz a veracidade e integridade com que uma pessoa procede e se relaciona com os outros. Permite que se sinta confiança na convivência e se formem laços duradouros entre as pessoas.

Empatia é uma capacidade afetiva que é desenvolvida ao longo da vida a partir da experiência de compartilhar aquilo que é significativo, seja sofrimento ou contentamento. Geralmente é entendida como “capacidade de se colocar no lugar do outro”, o que permite que se haja compreensão profunda sobre aquilo que o outro sente ou pensa.

Responsabilidade é uma postura que expressa o comprometimento diante de ações e decisões tomadas e que no ambiente de trabalho em geral, demonstra consciência, seriedade e sensatez na prática do trabalho.

Persistência significa permanência, constância, firmeza, empenho. Trata-se de uma qualidade pessoal que algumas pessoas cultivam no convívio cotidiano. A perseverança gera confiabilidade e segurança no comportamento e mesmo na própria individualidade.

Raízes da Ética do Cuidado

A pesquisadora Carol Gilligan fundamentou um estudo focado nas relações interpessoais de um grupo de mulheres na década de 80 e elaborou uma Teoria sobre a Ética, baseada no cuidado em não na justiça, como geralmente a ética é associada. A pesquisa buscou entender como os valores morais das mulheres desenvolviam uma relação sem conflitos. Ela dividiu a visão da Ética em duas perspectivas: o princípio negativo, que está ligado ao ato de não ferir os outros e da não-violência e o princípio positivo, que é o ato de cuidar, de assumir a responsabilidade dos relacionamentos sociais. 

Gilligan afirma que as mulheres são sensíveis ao perceber a necessidade do outro, além de conseguir ouvir outros pontos de vista deixando mais leve a aflição real e
reconhecível percebível no mundo. Assim, a superação dos conflitos pode ser alcançada com respeito e cuidado.

É importante entender que cuidar do outro requer atenção a vários fatores, como levar em conta a visão que outras pessoas possuem, nem sempre trabalhamos com pessoas que pensam como nós e respeitar o ponto de vista diferente é fundamental para haver um bom relacionamento. Cuidar também requer entender este ponto de vista diferente, o que depende de empatia, ou capacidade de procurar perceber a experiência do outro. Especialmente, a dor e o sofrimento do outro, quando nos sentimos sensibilizados, encurta o espaço afetivo e nos aproxima daqueles que se sentem distantes.

 

Curso de Capacitação de Cuidadores

Curso de Cuidadores tem como principal objetivo oferecer capacitação àqueles que estão à busca de uma primeira experiência de trabalho ou que desejam se recolocar no mercado de trabalho.

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